É comum as cobranças pessoais, familiares e sociais a cerca de quando ter filhos, logo após o casamento ou a união estável, ou até mesmo depois dos 30, 35 anos e isso nos parece natural. Nos dias atuais, há também pessoas e/ou casais que optam por não ser mãe ou pai, mas e quando o desejo é claro e temos dificuldades neste processo?
A primeira busca é por profissionais na área de reprodução humana, que é o recomendável, porém, os aspectos e condições psicológicas,
são bastante relevantes neste processo, tendo em vista:
* Qual o melhor momento;
* Que influências esta decisão terá na vida profissional do
casal;
* Entre outras questões.
Nesta decisão pode haver um agente potencialuzador de estresse para o
casal, que envolve sentimentos contraditórios, principalmente quando há dificuldades
em engravidar.
O casal fica fragilizado, com sentimentos que transitam
entre impotência, raiva, tristeza e frustração. E neste momento o apoio
psicológico tem um papel fundamental para dar suporte ao casal que precisa
estar unido nesta batalha. Muitos casais que mantinham um casamento/relacionamento sólido e
estruturado podem apresentar crises
sérias no relacionamento após ou durante este período.
A vida sexual do casal pode ser muito prejudicada neste
processo por conta dos horários estipulados para o coito, que expulsam a
naturalidade e causam estresse e tudo mais que envolve todo o processo de
tentar engravidar.
Os casais precisam ser orientados por alguém neutro, que
possa mediar a situação usando técnicas psicológicas juntamente com uma escuta
respeitosa e carinhosa.
O especialista em reprodução, José Bento de Souza fala sobre
como o estresse e a pressão atrapalham a vida de quem quer engravidar
O estado psicológico de ambos do casal podem interferir na
fertilidade.
Trabalhando há 30 anos com fertilidade e reprodução humana,
o ginecologista e obstetra José Bento de Souza é autor do livro
"Engravidar - Sim, é possível" (Editora Alaúde). O livro esclarece as
dúvidas mais comuns dos casais que chegam a seu consultório com a mesma queixa:
"doutor, não conseguimos engravidar".
Embora a falta de fertilidade seja tratada pela abordagem
física, com exames e procedimentos que solucionem o problema, o doutor ressalta
que o estado psicológico do casal tem papel fundamental no sucesso do
tratamento. Leia abaixo entrevista com o médico.
Qual o senhor acha que é o maior problema de um casal
com dificuldades para ter um filho?
José Bento de Souza: O maior problema é passar a ter
relações sexuais só para ter o nenê. O carinho, a sensualidade e o namoro ficam
deixados de lado. O ato da relação sexual passa a ser mecânico. Isso é péssimo
e vai minando o relacionamento.
Como ele pode superar este problema?
José Bento de Souza: O importante é tirar da relação sexual
o compromisso do "ter um filho". Se for o caso, até mesmo pensar em
fazer uma fertilização. Fora isso, precisa cuidar, primeiro, da alimentação.
Comer frutas, verduras, ômega 3, evitar carboidratos. Segundo, adotar uma
atividade física. Diminuir o estresse no trabalho e o tempo no trânsito. Quem
pode, deve viajar todo final de semana. E namorar.
O estado psicológico da mulher interfere no processo?
José Bento de Souza: Sim, os fatores psicológicos interferem
na fertilidade, e muito! Vejo pacientes que falam assim: "doutor, eu vou
descansar, dar um tempo no processo, volto daqui a dois meses" - e volta
grávida. Quando a mulher muda o foco da vida, ela tem mais chanve de
engravidar. Por isso, para aquela mulher que não está trabalhando, é
recomendável procurar um projeto novo, algo para tirar a pressão da espera pela
gravidez. Já aquelas que têm uma vida muito atribulada precisam diminuir o
ritmo.
Os casais que procuram tratamento têm vergonha na
primeira consulta?
José Bento de Souza: Tem. Existe um certo preconceito da
sociedade, parece até que fazer o tratamento de fertilização é contagioso. Isso
é uma besteira. Com o tipo de vida que a gente leva hoje, é muito comum as
mulheres engravidarem mais tarde. O ideal seria que todos, família e amigos,
tratassem o tema com naturalidade.
O senhor brinca com um ditado bem fatalista no livro:
"Sexo é bom, até casar". Se a vida sexual do casal está totalmente
ligada à fertilidade, qual a receita para mantê-la bem?
José Bento de Souza: A receita é se reinventar, todos os
dias. O relacionamento, para dar certo e durar, tem que ser cultivado. O casal
precisa se conhecer todos os dias. É difícil, requer persistência, mas não pode
deixar que a rotina acabe com o relacionamento.
É comum vermos casais que planejam um filho "de
emergência", só para salvar o casamento. Qual seu conselho para eles?
José Bento de Souza: Essa é a maior receita para ir para o
abismo. Filho não segura casamento, só acelera o processo.
Fonte:
http://delas.ig.com.br/filhos/fatores-psicologicos-interferem-na-fertilidade/n1237618058011.html
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